Entre gestos e "espaço"...
- Eunizia Matine
- 4 de out.
- 2 min de leitura

Às vezes, sentimos vontade de nos aproximar de alguém querido, mesmo sabendo que essa pes
soa precisa do próprio espaço. É aquele amigo que não responde imediatamente às mensagens, o colega de trabalho que parece distante ou o familiar que está ocupado demais para nos ouvir. O impulso de ligar, escrever ou aparecer surge naturalmente — lembramos dos bons momentos, das risadas, das conversas que pareciam intermináveis. Mas agir sem ponderação nem sempre é o melhor caminho.
Oferecer atenção e receber respostas curtas ou distantes é um convite a olhar para dentro de nós mesmos. Talvez você tenha ligado para um amigo que precisava de tempo, mas recebeu apenas um “ok” ou um “tudo bem”. Talvez tenha enviado uma mensagem para alguém especial e recebeu silêncio ou respostas rápidas. Nessas horas, aprendemos que o valor do nosso gesto não depende da reação do outro, mas da sinceridade da nossa intenção. A vida ensina que não somos responsáveis pelos sentimentos alheios, mas somos responsáveis pelo cuidado com os nossos.
Aprender a lidar com respostas curtas é, na verdade, aprender a lidar com expectativas. Nem sempre atenção é aceitação, nem sempre afeto é garantia de reciprocidade. Permanecer sereno, respeitar o espaço do outro e, ao mesmo tempo, honrar nossos próprios sentimentos é o que nos fortalece.
Isso se aplica a todas as áreas da vida: quando um colega não reconhece seu esforço no trabalho, quando um amigo não aparece para aquele encontro esperado, ou quando alguém próximo não consegue corresponder às nossas expectativas. Nem sempre receberemos aquilo que acreditamos merecer. Nem sempre nossos gestos serão compreendidos como gostaríamos. Mas isso não diminui quem somos nem o valor do que oferecemos. Pelo contrário: é na consistência do nosso caráter, na serenidade das ações e na coragem de sermos fiéis a nós mesmos que cultivamos verdadeira liberdade emocional.
O segredo não está em mudar o outro, mas em agir com consciência, equilíbrio e generosidade, mesmo quando a resposta é curta ou distante. É permitir que o silêncio e a espera façam parte do crescimento, que cada gesto tenha intenção e propósito, e que, acima de tudo, nos tornemos a pessoa que gostaríamos de ser, sem depender das reações externas.
No final, o que transforma nossas relações e nossa vida é a capacidade de permanecer íntegros, de respeitar o espaço do outro e, ainda assim, continuar oferecendo o melhor de nós mesmos sem perder a paz interior. É assim que aprendemos a viver de forma leve, profunda e verdadeira.









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